domingo, 13 de março de 2011


Faz hoje seis dias que se foi. Acabei de contar os seis traços de tinta preta que fui fazendo, um por um, cada noite depois de sua partida, exatamente naquela vidraça que eu tinha pensado em começar a pintar quando chegou, no meio da chuva. Completei o sexto há pouco. São cinco traços irregulares, quase ideogramas chineses, e um bem definido — um risco reto, seco, sem hesitações nem adornos, o último (..) estes seis dias, a chuva foi parando aos poucos. Ficou apenas o cinza. Há muitas nuvens no céu, sobre os edifícios. São essas nuvens que estão agora muito coloridas, azuis profundos invadindo o roxo para transformar-se em laranja, em dourado na altura do que deve ser o horizonte (..)Na verdade, não sei ao certo como atravessei os primeiros destes últimos seis dias. Talvez tenha dormido ou me movimentado dentro de alguma daquelas visões do buraco negro, porque lembro de uma espécie de névoa rompida de vez em quando por algum ruído, alguma forma. Talvez não tenham sido visões, mas sonhos, se realmente dormi. De qualquer forma, não eram exatamente iguais às visões de antes da vinda dela.

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