segunda-feira, 26 de novembro de 2012


"Nós temos algo, um lance, um rolo, um arrebate, um frisson ou um caroço, não sei, algo importante, uma espécie de relação-lixo-reciclável. Se você perguntar a ela o que é, tenho que certeza que vai de “Ah, é um carinha aí que fica me rondando”. Se questionar a mim, vou me sair com algo do tipo “Sim, é uma menina que levei pra casa algumas noites”. Só que não é bem assim. Agora a gente discute o relacionamento que nunca tivemos coragem de ter. Ela diz que sou um cara bacana mas faço questão de parecer babaca, eu digo que ela sabe que é gostosa e especial, por isso trata os outros feito lixo. Ela argumenta sobre algo, que se eu bem entendi, tenho um pênis no lugar do nariz. Digo que se não tivesse chegado a tempo, ela estaria na fila do banheiro levando uns amassos daquele sujeito só pra se sentir sexy amanhã. Ela não vai cair na minha. Eu não estou tão desesperado assim. E sempre há o ato final, sem aplausos, com a pequena plateia farta de nossas más atuações. Vão me dizer “Ei cara, se decide, ou caga ou desocupa a moita, tem mais gente interessada, não vê que assim trata a menina mal?”, e vão aconselhá-la “Depois não adianta chorar uma semana inteira e me ligar achando que posso dormir uma noite lá e consolar você”. É sempre a mesma coisa, mas é que, sei lá, as coisas parecem menos complicadas enquanto a gente se beija."