quinta-feira, 19 de setembro de 2013


Perguntar é a melhor coisa que já inventaram no universo. Crianças sabem disso mas a gente esquece. Esquece pra continuar inventando milhares de motivos pra continuar inventando. E fica escrava desse mundo melhor com mil complexidades que umidificam falsamente a secura da vida. Mas agora eu pergunto como se cada dor fosse uma mosca de banana. Foi assim que perguntei o que aconteceu e usei a palavra “exatamente” seguida da palavra “por favor” . E ele disse, meio poético, meio envergonhado, meio repetindo a mesma frase sem som só pra parecer que tem ritmo, que nem imagina o que é gostar e nem entende como se gosta. Nos primeiros dias ele apenas se excita com a reverberação de sua própria voz mas depois tem que lidar com a embalagem vazia do shampoo e ele cheirando demais à alivio de limpeza. E isso dói de ouvir por dois segundos mas é tão pequeno e estúpido e humaninho que encerra o amor como papel burocrático de óbito. O homem que não sabe amar pode ser fácil de ser amado mas é ainda mais fácil de deixar de ser.

Tati Bernardi.