terça-feira, 16 de dezembro de 2014



Eu sei lá, o que é que me deu! De repente eu levantei, peguei as minhas coisas e fui embora, na certa eu estava cansada. Cansada de mendigar atenção, de mendigar amor, de mendigar partes suas, que eu sabia que não eram minhas, mas que mesmo assim eu torcia para que fossem. Você não acha um desastre gostar de alguém? Eu merecia ser amada, sei que amor não é algo que você pode pedir emprestado, mas eu pediria se pudesse. Eu dava o cavalo, a cela, a espada e a roupa do bandido por ele, eu dava o castelo, a princesa, o dragão e ainda cuspia o fogo se ele quisesse, tem jeito pior de começar uma relação? Aquele que diz eu te amo primeiro, na certa é o ultimo a parar de chorar. Eu não queria chorar, e nem queria ser a primeira a dizer, mas estava escrito um eu te amo bem ali, no espaço entre os meus cílios, na saliva da minha garganta, na obturação inferior do meu dente ciso, lá na ponta dos meus dedos gelados toda vez que você sorria. E eu te amava tanto, e te queria, e te pedia, e te precisava, sempre. De repente você me viu levantar, pegar as minhas coisas e tentar ir embora, na certa você estava cansado. Cansado de não me dar atenção, de me ver mendigar amor, de me ver desejar partes suas que não eram minhas, e que você também não queriam que fossem. A gente nunca deixa de ser caos. E não é que deu certo ir embora? Eu tinha mil motivos pra chorar depois de bater aquela porta, mas acredita que a vida sorriu pra mim dois segundos depois? Encontrei o amor próprio no bolso de trás da minha calça jeans azul bic. Um tanto amassado, rasgado, enrolado e esfarelado, mas ainda assim, meu. Eu não sei quantos amores a gente aguenta superar nessa vida, mas toda ferida pode ser curada, não adianta friccionar, bater o pé, chamar a mãe, colar com fita, colocar o dedo, lavar com água quente. A dor de repente cessa, o sangue estanca sozinho, as vezes lateja um pouco, mas você simplesmente levanta e sai. Existem um milhão de formas de sangrar. Mas na certa, você ainda é de longe a mais bonita.”
— Ciceero M.



Nenhum comentário:

Postar um comentário