sexta-feira, 24 de julho de 2015


É estranho, não? Outro dia vi você na fila da padaria. Você me olhava como se fosse ter um ataque cardíaco, como se estivesse vendo o fim do mundo na sua frente. Na verdade, você só estava com medo e vai demorar um longo tempo para que você assuma isso. Eu me aproximei de você e você recuou. Nada tão novo pra mim, nada que você nunca tenho feito. Você sempre foi de recusar abraços, de recusar carinhos; sempre teve medo de sentir. De sentir carinho, de sentir amor; de sentir o que é amar. Eu sempre relevei o seu jeito, sempre te entendi e te respeitei. Entendi quando você disse que precisava de um tempo para pensar no que sentia. Mas você sequer chegou a sentir? Respeitei quando você riu dos meu valores e dos meus princípios, quando você fez de mim um daqueles quadros de comédia que sempre passa no canal 27 da tevê a cabo. Honestamente, se todas as verdades fossem ditas aqui, você sequer chegaria a entender. Cá entre nós, você nunca foi lá muito bom em ler as minhas entrelinhas. Você nunca soube, e talvez nunca vá saber um terço do quanto eu precisei de você. Mesmo você sendo assim, do seu jeito amargo e fechado de ser; eu sempre te quis por perto. Mas você não, e é difícil fazer algo dar certo se somente uma parte se doa com todo esforço, se só uma parte da tudo de si. Você se lembra? Se lembra de todos os assuntos que puxei com você ou de todas aquelas noites acordada apenas em uma tentativa de fazer você ficar bem? Me diga, você se lembra? Eu me lembro, não que isso importe. Bem, nós sabemos… Nada sobre nós nunca importou tanto, não quanto os jogos de futebol que você ia todas as sextas, não quanto a baladinha do sábados em que você sempre mentia dizendo está doente apenas para não me ver, ou mesmo, para dar as “fugidinhas” que seus amigos sempre te aconselhavam. E veja bem, você fugiu. Fugiu mesmo. E no começo eu me culpei por isso, eu me culpei por tanto tempo achando estar errada. E demorou tanto tempo para descobrir que eu não estava. E descobri. Não há nada de errado em se doar por inteira, em amar, em sentir. Não há nada de errado em precisar de carinho, em querer dar carinhos, ou até mesmo em passar noites sem dormir. Errado estar quem não sente o que é sentir, quem não ousa ir além do verbo amar. Errado estar quem vive só pra si, quem pensa só em si. Quem vive de mentiras, e quem quer uma vida dupla. Verdade seja dita: amar sozinho nunca foi ruim. Mas aprenda primeiro a amar a si, pra depois pensar em amar alguém. Outro dia vi você na fila da padaria e recuei, é dessa vez eu que quis fugir de você. Agora quem um dia precisou tanto de você ousa uma última vez te escrever, mas não mais pra te pedir pra voltar, e sim, pra te agradecer.

Stefany Garcia.




Nenhum comentário:

Postar um comentário