quarta-feira, 30 de dezembro de 2015









Antigamente eu me desesperava. Queria dizer “Ei, peraí, fica mais cinco minutinhos. Deixa eu mostrar o quanto sou engraçada. Porque eu sou, sabia? Sou muito divertida. Não tive tempo de mostrar tanta coisa, toma um café e espera?”. Ficava me culpando por meses qualquer fim que não partisse de mim. Qualquer fim antes que eu pudesse fechar o ciclo de me encantar-gostar-apaixonar-enjoar. Que afronta pular fora antes do meu tempo. Ainda não pude ser carinhosa, não tinha tido oportunidade de ser cara de pau e louca, como você gosta. Não deu pra socializar com seus amigos chatos, mas eu vou tentar, senta aí um pouco. E queria perguntar por que eles estavam cruzando a porta. O que eu fiz de errado, o que eu fiz de certo, pra eu mudar e ninguém mais sair assim. O que eu não precisava ter dito e tudo que eu não disse e precisava ser ouvido. Fui demais, de menos? Sufoquei, deixei muito solto? Fui muito mais ou menos? Qual é, tem que ter um motivo e eu merecia saber qual era. Era o mínimo. Hoje não. Se for embora, já foi tarde. Chega de perder meu tempo e desperdiçar tudo que eu me esforço tanto pra fazer bem com quem tá comigo olhando pro relógio. Se não tive do meu lado de corpo, mente e coração, te levo até a porta, te convido a sair. De coração, é um favor que me faz.

— Tati Bernardi.










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