segunda-feira, 29 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
“Não briguei mais por você, porque ter você seria muito menos do que ter você. Não te liguei mais, porque ouvir sua voz nunca mais será como ouvir a sua voz. Não te escrevo porque nada mais tem o tamanho do que eu quero dizer. Nenhum sentimento chega perto do sentimento. Nenhum ódio ou saudade ou desespero é do tamanho do que eu sinto e que não tem nome. Não sei o nome porque isso que eu sinto agora chegou antes de eu saber o que é. Acabou antes do verbo. Ficou tudo no passado antes de ser qualquer coisa. ”
- Tati Bernardi.
sábado, 20 de outubro de 2012
Não me façam feliz. Por favor, não me saciem nem me deixem pensar que alguma coisa boa pode sair disso. Olhem para meus machucados. Olhem para este arranhão. Estão vendo esse arranhão dentro de mim? Estão vendo ele crescer bem diante dos seus olhos, me corroendo? Não quero ter a esperança de mais nada.
- A Menina Que Roubava Livros.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
— Marina Colasanti, Eu sei, mas não devia.
"Economizar amor é avareza. Coisa de quem funciona na frequência da escassez. De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois. É terrível viver contando moedinhas de afeto. Há amor suficiente. Há amor para todo mundo. Há amor para quem quer se conectar com ele. Não perdemos quando damos: ganhamos junto."
O mundo era nosso, essa era a única certeza que eu tinha quando você sorria pra mim. Estávamos ali, sentados no chão, suas mãos acariciando as minhas, pernas cruzadas, e havia uma coisa bonita no seu olhar que eu não soube dizer o que era. Você sorriu. Eu sorri. Ia ficar tudo bem, sabíamos disso. Acima de qualquer coisa, sussurrávamos aos nossos corações. E rindo como se já não fossemos mais tão crescidos, continuávamos fitando um ao outro, na expectativa de calarmos os corações daqueles milhares de amantes que roubavam a nossa cena. O mundo era nosso, só nosso, e íamos até o fim pra conquistarmos isso. E por mais que o nosso silêncio falasse por si só, o seu olhar era o meu refúgio; meu respirar. E o seu segredo, me faltava alguma coisa. Sempre faltou. Eu procurei o que quer que fosse, no seu rosto, na sua fronte, na sua face, nas suas bochechas ou até mesmo nas suas borboletas, mas não encontrei. Eu chorei. Você chorou. Nunca encontramos a parte que faria as coisas se encaixarem, e talvez, não encontraríamos. A vida nos pertencia, mas não pertencíamos a ela. Mas nos calávamos. Deixávamos todas as duvidas, medos e angustias falarem só por dentro. Aquele momento era nosso, tão nosso ao ponto do tempo parar só pra vivermos ele intensamente. Fechava meus olhos. Você acariciava meus cabelos, e naquele momento eu pude tirar com prova real; você era a pessoa da minha vida. E sabíamos que seriamos um do outro pra toda eternidade. Sabíamos, mas não acreditávamos nisso. Afinal, o mundo se dirigiu a cortar os sonhos de todos os mocinhos e mocinhas. A frase “Nada é pra sempre.” de algum modo, ficava preso nas nossas cabeças. Mas nosso silencio falava por nós. Falava e ele gritava por verdades e desejos. Meu coração palpitava mais forte e então soltei; — “Passarinho, vamos ser pra sempre?”, ele sorriu. Sorriu e aquele sorriso respondeu todas as minhas dúvidas. Íamos ser pra sempre. Mas eu sempre conseguia estragar tudo. E por deixar minha razão falar mais alto, lembrei da ultima vez que ele quebrou meu coração. E ele passou a chorar como se sorrisse, e a sorrir como se chorasse e, então, no momento em que você, chorando, sorriu para mim, eu pensei que seria o fim de tudo, de todas as criaturas vivas e de todas as histórias contadas. Pensei que seria o nosso fim. Mas na verdade, foi o fim de tantas as cicatrizes. Estávamos colocando os pingos nos “i’s” e recomeçando o que nunca haveria ter um fim. E então ele olhou para mim e disse: “Olha só, independente de quaisquer coisas, eu serei teu passarinho. E independente de quaisquer coisas, tu serás meu bem-te-vi. Entendeu? Tu serás sempre a única pra mim, assim como desejo ser o único pra ti. Nós somos o amor, desejo e paixão. Mas somos dor, medo e angustia também. Só que iremos balançar sempre cada sentimento e iremos permanecer juntos no final de tudo. Minha Sequóia!” Sorri. Nós éramos a nossa própria verdade, e o nosso próprio mundo.
Ele era meu mundo. E o mundo? Era nosso!
- Clara Rangel
domingo, 14 de outubro de 2012
sábado, 13 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
domingo, 7 de outubro de 2012
O que existe além do que já foi dito sobre amor?
Toda a minha vida é pautada em amores que tive ou gostaria de ter.
Falando sobre os que tive, também não tenho muito a dizer. Amei, e fui muito bem amada.
Mas foi um amor, um único amor, que veio, cruzou minha vida, tocou minha alma, e ficou marcado em minha pele. Todos nós carregamos conosco uma história, aquela que só nós nos atrevemos a lembrar quando, durante à noite, no escuro, encostamos nossas cabeças no travesseiro, e o silêncio cala fundo. Não importam os anos, certas coisas simplesmente permanecem. Mas então, numa quinta-feira à tarde, de um ano qualquer, tropeçamos nesse amor já supostamente esquecido, percebemos que amor igual não há, e que aquela pessoa continua, e continuará a ser, nossa referência afetiva mais sincera e profunda. Não é doença nem obsessão. Aliás, não é nada, só amor. Amor dos bons, daqueles que são únicos e maravilhosos, que acontecem poucas vezes na vida das pessoas. Daqueles amores que ficam, e que teremos que conviver com ele como algo concreto, e parte de nossas vidas.
Que alma consegue atravessar a vida sem ter conhecido o amor e, quem sabe, ter a sorte de ser correspondido? Que vida vale a pena sem amor? Nenhum sentimento é mais lindo, profundo e transformador que o amor. Só o amor transcende e purifica. Enlouquece e cura. Invade e permanece. Liberta e aprisiona. Quando acontece, é um som grave que penetra, invade e permanece. Não compliquem nem elaborem o sentimento mais incrível e poderoso e todos. Permitam que ele chegue e se instale. Pois o resto são bobagens, meninos... bobagens.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
“No primeiro dia pensei em me matar. No segundo, em virar padre. No terceiro, em beber até cair. No quarto, pensei em escrever uma carta para Marcela. No quinto, comecei a pensar na Europa e no sexto comecei a sonhar com as noites em Lisboa. Em seis dias Deus fez o mundo e eu refiz o meu.”
(Memórias Póstumas de Brás Cubas)
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
"E o amor?, você me pergunta. O amor, ah, sei lá. O amor nem dá pra
definir direito. Acho que é um desejo de abraçar forte o outro, com tudo
o que ele traz: passado, sonhos, projetos, manias, defeitos, cheiros,
gostos. Amor é querer pensar no que vem depois, ficar sonhando com essa
coisa que a gente chama de futuro, vida a dois. Acho que amor é não
saber direito o que ele é, mas sentir tudo o que ele traz. É você pensar
em desistir e desistir de ter pensado em desistir ao olhar pra cara da
pessoa, ao sentir a paz que só aquela presença traz. É nos melhores e
piores momentos da sua vida pensar preciso-contar-isso-pra-ele. É não
querer mais ninguém pra dividir as contas e somar os sonhos. É querer
proteger o outro de qualquer mal. É ter vontade de dormir abraçado e
acordar junto. É sentir que vale a pena, porque o amor não é só festa,
ele também é enterro. Precisamos enterrar nosso orgulho, prepotência,
ciúmes, egoísmo, nossas falhas, desajustes, nosso descompasso. O amor
não é sempre entendimento, mas a busca dele.
O amor é uma tentativa
eterna."
Clarissa Corrêa.
Assinar:
Postagens (Atom)