Um dia cê me perguntou se eu já tinha deixado de amar alguém. “Mas é claro!”, respondi prontamente, como quem quer mostrar que deixou o passado lá atrás para quem é o novo presente. E também porque, sem dúvidas, quando eu disse “sim” pra nós, era uma renúncia a todo o resto. Mas a vida quis lá que a gente seguisse outro caminho — aquela velha história de se perder.
Então esses dias eu me lembrei dessa nossa conversa. E da sua resposta àquela minha exclamação: “Como assim? Eu nunca deixo de amar”, você disse. Não entendi naquela época, mas agora eu entendo.
Entendo que o amor da gente não foi para debaixo da terra como eu achava que deveria, e nem se transformou em indiferença ou em ódio como me foi ensinado que era o certo. Na verdade, ele se eternizou que nem tatuagem fixada na pele igual à tua última nas costas.
Agora não há mais espaço para brigas, para ciúmes sem motivo. A gente não se libertou um do outro como eu pensava que fosse melhor; nós nos libertamos, sim, mas de tudo de pesado que nos envolvia — e que, ao mesmo tempo, separava.
Sorte de nós quando abri as portas e te deixei entrar pra não mais sair; quando você desarmou seu coração e me deixou ocupar o lugar que, de alguma forma, será sempre meu.
Ei. Você é muito especial. E nunca haverá de ser diferente.